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domingo, novembro 15, 2009

QUANTO VALE O SEU GIBI?


Quanto vale o gibi que você quer vender ou aquele que você quer comprar? Aqui no Brasil não temos guias de compras ou listas de preços de quadrinhos antigos feitos de forma idônea e confiável, a exemplo dos EUA e parte da Europa. Houve apenas uma tentativa feita nesse sentido pela equipe editorial da Wizard Brasil (Ed. Globo – 1996), onde a cada edição apresentava uma tabela de preços de determinado título. Muitos gostavam da iniciativa entretanto outros criticavam pela ausência clara dos critérios usados para cotar cada edição. Mas afinal o que faz uma revista valer mais?

Nem toda revista antiga ou n° 1 vale tanto para quem compra ou vende. É preciso entender um pouco sobre o mercado de quadrinhos aqui no Brasil, o histórico das editoras e dos títulos. Um dos fatores que diferencia o valor de uma HQ é a tiragem, edições de tiragem reduzida ou limitada tendem a ser mais valorizadas. Um exemplo é a série Akira, publicada pela editora Globo, em que os primeiros números são fáceis de encontrar, tanto em edições soltas quanto nas versões encadernadas, o que não acontece com as edições de n° 23, 31, 32 e 33 as mais difíceis. Quando a Edição 23 (novembro de 1992) foi publicada, as distribuidoras estavam em greve, de forma que várias cidades ficaram sem esse exemplar. Com as outras edições, as tiragens eram muito reduzidas, tornado-as raras no mercado. Caso semelhante ocorreu com a coleção Gibi Semanal da RGE, onde entre as primeiras e as últimas edições tiveram a tiragem reduzida em mais de 60%. O mesmo episódio aconteceu para os álbuns do Flash Gordon publicados pela EBAL.

As 29 edições de Mortadelo e Salaminho da Cedibra, nunca tiveram uma segunda tiragem, e hoje essa coleção é muito bem cotada. Como outro exemplo, o encadernado de Watchmen editado pela Abril, sem nada especial, era apenas o encalhe da mini original em 6 edições encadernadas em capa mole, sem nenhum extra e, como foram poucas edições colocadas a venda, tornou-se objeto de desejo entre os colecionadores devido a popularização do título. Não basta o gibi ser raro, precisa haver a procura aliada a dificuldade de encontrá-lo na disputa por obtê-lo, o que o valoriza ainda mais.

Outro caso curioso aconteceu com Sandman – Prelúdios e Noturnos, em que o primeiro arco (07 edições originais) foi publicado solto e encadernado pela Editora Globo, encadernado em preto e branco pela Brainstore, solto pela Metal Pesado, encadernado pela Conrad, e encadernado em dois volumes pela Pixel. Em teoria, o mercado estaria abarrotado dessas edições, mas quando a Conrad anunciou que não iria soltar uma segunda tiragem de seu encadernado ele se esgotou rapidamente gerando, em tempo recorde, uma valorização absurda e especulativa da edição nos sites de leilão na internet. Alcançou valores de até 10 vezes o preço original de capa pois os colecionadores não queriam ter sua coleção defasada, mesmo com as histórias já publicadas.

Há alguns anos as revistas dos anos 50, 60 e 70 de editoras como EBAL, RGE, La Selva, Trieste, Gorrion entre outras, tinham seu valor bem mais alto que os de hoje proporcionalmente falando, pois alguns fatores influenciaram na queda dos preços:

- O número de colecionadores desse material, se reduz com o passar dos anos, seja por terem suas coleções completas ou mesmo por óbito.

- A nova geração de colecionadores pouco busca esse material por ignorá-las ou pela preferência pelas modernas reedições com nova tradução e tratamento gráfico aprimorado.

- A reedição de quadrinhos que antes só se encontravam em edições antigas aumenta a cada ano, republicando-os em formato original, em volumes encadernados e com material extra, como entrevistas, artes conceituais, páginas extras, entre outras.

Consequentemente, o número de edições à disposição no mercado tem superado a procura, levando a queda de preços.

Hoje os formatinhos tão populares entre os anos 70 e 90 estão sendo abandonados por muitos colecionadores. O lançamento contínuo de encadernados e coleções especiais reeditando grande parte desse material já publicado com cortes, textos resumidos, compactados ou dispersos em diversos títulos, tem feito o leitor/colecionador optar por manter edições mais luxuosas e selecionadas, dispensando os antigos formatinhos hoje encontrados facilmente a preço de centavos. Em virtude dessa nova oferta de mercado, a busca por formatinhos vem reduzindo ao longo do tempo em igual proporção da sua oferta.

Mas a regra do mercado para os formatinhos não é apenas essa. Enquanto os formatinhos de grandes editoras como RGE/Globo, Abril vem caindo na cotação do mercado, os da Bloch Editores sobem, e esses formatinhos hoje tem quase o status de “Cult”, pelo tratamento editorial único dado até hoje para uma HQ. Fazendo uma breve análise, os formatinhos da Bloch eram mal impressos, não respeitavam as cores originais dos uniformes dos personagens, abuso de gírias da época nos textos, e tinham cores berrantes quase psicodélicas. Mas com tantos pontos negativos porque essa demanda atual para essas revistas? O fato é terem marcado uma fase única editorial brasileira, pelos títulos e histórias até hoje não reimpressas, sem falar da sua própria excentricidade que atrai hoje o colecionador que há poucos anos os renegava.

No departamento de quadrinhos Disney, as HQ’s contendo histórias escritas e desenhadas por Carl Barks sempre foram disputadas e, recentemente, a Editora Abril relançou toda a sua obra numa coleção primorosa, bom acabamento e repleta de informações até então inéditas ao leitor. Mesmo assim, os quadrinhos Disney antigos não sofreram uma queda forte nos preços, pois cada revista antiga compunha um mix de personagens e autores, além das diferenças nas cores e tradução, e que não foram abandonados pelos colecionadores em favor da nova coleção da Editora Abril.

Mesmo com tudo já colocado aqui, alguns títulos/gênero fogem totalmente de todas as regras tais como Fantasma, Mandrake, Tarzan e as HQ’s de faroeste que permanecem com boa demanda, sendo muito bem valorizadas entre vendedores e colecionadores. Por serem tão históricos e marcantes em nosso mercado, são quadrinhos de extremo apelo popular com: histórias simples, divertidas, sem grandes sagas se dividindo ao longo de diversas edições, fazendo com que o leitor ocasional possa lê-las tranquilamente sem se preocupar com as outras edições. Já o gênero do faroeste é reforçado pelo cinema que tem um número alto de fãs, enquanto os leitores antigos garimpam edições antigas de Roy Rogers por exemplo. Os mais novos disputam a tapa os exemplares antigos de Tex e Zagor e, apesar da diferença de idade, esses leitores/colecionadores que se comunicam pelo gosto em comum fortalecem e valorizam o gênero no mercado.

Assim como nos livros, edições autografadas tem maior valor por serem únicas e exclusivas, e aqui no Brasil, os fãs ainda levam suas HQ’s aos festivais e convenções para serem autografadas pela admiração ao trabalho dos artistas para suas coleções particulares, enquanto que nos EUA essa paixão em grande parte cedeu espaço ao comércio, onde uma HQ autografada hoje está disponível no ebay. Essa prática comercial ainda é tímida em nosso mercado.

Não basta conhecer as regras e exceções do mercado de comercialização dos quadrinhos. Os sites de leilões virtuais não são uma fonte confiável para a cotação de uma revista ou coleção, mas servem de parâmetro para analisar a sua demanda. Conversar com outros colecionadores, frequentar fóruns e comunidades virtuais sobre o tema oferecem uma boa visão sobre o valor daquela revista que está em sua prateleira.

  • postado Nikki Nixon às 7:20 PM


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